Uma Página da Vida Sofrida de Maria:
- Ana Teles Carlos.
- 6 de out. de 2015
- 2 min de leitura

http://valdecybeserra.blogspot.com.br/2012/04/video-de-estupro-coletivo-de-deficiente.html
Querido diário,
Hoje, 19 de outubro de 1994.
Eu acordei cedo como de costume, às 5:00am, arrumei as crianças, as mandei para escola, e fui trabalhar. Logo que chego ao ponto de ônibus, consigo pegar um, que para próximo ao meu trabalho, o qual estava cheio, extremamente cheio, fui de pé mesmo, atrás de mim havia um homem, o qual foi até a minha parada se esfregando em mim, tentei de tudo, colocar a bolsa para trás, colocar meu braço, mas nada resolveu quanto mais eu tentava me ajeitar, mas ele se aproveitava, não consegui esconder o incômodo, mas fui calada até minha parada. Ao descer do ônibus, andei rápido, para evitar que o tal sujeito me acompanhasse, meu objetivo agora era tentar esquecer o que havia acontecido no longo trajeto de casa até ali.
Enfim chego ao trabalho, vou direto para os meus afazeres eu era apenas mais uma das faxineiras daquela grande empresa. Os demais funcionários começavam a chegar, um dos rapazes que subiu de cargo a pouco tempo, não me dava mais paz desde então, sempre que passava, até mesmo logo pela manhã, me insultava chamando de: " Maria assim você me mata", "oh Maria pedaço da mal caminho", também tinha medo de que qualquer dia ele tentasse qualquer coisa, e algo me dizia que aquele não seria um bom dia...
Após o almoço, bato o cartão e me dizem que o tal sujeito estava me chamando na sala dele, que precisava conversar comigo, quando adentro a sala ele manda que eu me sente, ele está ofegante, começa a dizer palavras que me incomodam, e vem para cima de mim, logo noto o volume em sua calça, por instantes pensei que fosse ser abusada, aquela agonia dele me agarrando dura um tempo, até o telefone tocar, alguém diz que ele está sendo solicitado em outro setor, então ele me dispensa e diz que dessa vez eu me “safei”, volto calada quase chorando, me perguntam o que tenho, digo que não foi nada, que foram problemas de limpeza na sala dele, que eu corria o risco de ser demitida.
No fim da tarde, volto para casa, só querendo esquecer de tudo.... Eu balançava a cabeça inúmeras vezes tentando esquecer. Lembrando dos meus filhos, e que eu só não largava aquele emprego porque eles dependiam dos “frutos” dele.
No jantar tudo corre normal, apesar do meu parceiro não estar ali (eu precisava tanto conversar). Próximo às 22h meu parceiro chega, embriagado, eu estava na sala esperando-o, os meninos já dormiam, e eu sabia que aquele dia seria como os outros que ele chegava embriagado, me batia e sempre dizia: Quem manda em casa é o homem”.
Querido Diário, estou aqui de madrugada, escrevendo esse meu relato, rezando para que meu marido não acorde, ele acha que eu escrever aqui é uma bobagem, e também torço, para que um dia as coisas mudem, e que minha filha e outras “Marias” nunca passem por isso. Pois a dor do abandono e do desconsolo são incuráveis .
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